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Cinema Trilhas sonoras

Clint Eastwood: ‘Consertando uma porta que nem se quebrou ainda’

Clint Eastwood é um astro que envelhece de uma maneira invejável. Muitos atores e diretores de hollywood gostariam de envelhecer como ele. Ator irrepreensivel por mais de cinqüenta anos, diretor irretocável por mais de vinte… um verdadeiro ícone vivo. Enquanto seu velho coração pulsa, ele vai realizando  –  e sempre uma obra prima atrás da outra.

Este fim de semana vi Gran Torino e como eu já esperava, me emocionei. Sempre me emociono com os filmes do velhão. Lembro-me de ter chorando a cântaros ao ver Um Mundo Perfeito.

Gran Torino nos faz pensar, nos seus primeiros momentos, que o antigo personagem Dirty Harry está de volta velho, aposentado, amargurado, furioso, beberrão de cerveja, e pronto para resolver qualquer parada na porrada e na bala mesmo sem reflexos e sem agilidade. A medida em que Clint vai manobrando o filme, logo percebemos que temos que creditar na conta deste filho de ferreiro, mais um drama inteligente e sensível, que apresenta questionamentos profundos sobre a bondade na natureza humana, sobre o ato de envelhecer; sobre a  própria condição do típico americano branco: hoje em dia, cada vez mais ilhado em uma América miscigenada e plural. O final é surpreendente e para realiza-lo, Clint volta a evocar o espírito de Dirty Harry – só que desta vez, usando a violência como um meio para um fim pacífico: uma violência às avessas.

Como em todos os seus outros filmes da fase sensível, a música de Gran Torino é boa e bem cuidada. O tema principal foi composto pelo nosso astro em parceria com Jamie Cullum.

E aqui vai o clip direto do Youtube para você se lembrar do filme (se já o viu, claro) ou simplesmente ficar com mais vontade ainda de ir correndo ao cinema para assisti-lo. Vale a pena, com certeza!

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80s Indie indie-rock

The Pleasure Songs

[The Pleasure Songs – seria a faixa mais R.E.M do cd “The Mary Onettes” lançado em 2007?]

A maiorias das descobertas musicais que fiz este ano reside no universo musical classificado pela mídia como ”Indie”. Entre elas está um grupo da Suécia chamado The Mary Onettes. Até onde eu saiba, a banda só tem um trabalho no mercado, lançado pelo selo indie Labrador . Neste material eles tecem uma manta musical juntando pedaços de referências das principais bandas de rock dos anos 80 para criar uma álbum que, se não soar como uma homenagem descarada, mais radicalmente, representa o desejo do quarteto sueco de emular os sons dos seus mais influentes ídolos numa atmosfera contemporânea e escandinava. Não precisa ter os ouvidos bem treinados para identificar as influências, pois elas são bem óbvias: Echo & The Bunnymen (a mais forte, talvez), The Cure, R.E.M., The Jesus and Mary Chain, Joy Division, entre outros. Críticos americanos até que acharam o álbum de estréia bacana, mas um em especial, do site Allmusic.com, enjoado, detona discretamente a banda acusando-a de ser uma mera xerox dos grupos citados e por –  nas palavras dele – ter sido consumida por suas próprias referências e feito um álbum sem expressão. Para mim, interpretar o disco assim é não entender o espírito da coisa. A reprodução literal dos temas sonoros, adereços, arranjos e texturas dos anos 80 são a demonstração mais latente de que os rapazes querem mesmo é se divertir brincando de imitar seus mestres – se não fosse assim, jamais teriam dado a si mesmos o nome de “Marionetes”.  Analogias à parte, o cd de debut do grupo possue em suas 10 faixas, canções adoraveis, melodias contagiantes e docemente melancólicas.