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Steve McQueen/Prefab Sprout

Hello dear listeners! Finally, after a “long hot summer”, I’m here – back in the saddle again.

Eu ando orbitando em torno de um CD, como uma lua ao redor do seu planeta. Escuto essa “bolacha digital” quase que o tempo todo. Nos locais mais improváveis e nas horas mais incertas – e certas!
Estou no banho; está ele. Saio dirigindo; também. No trabalho, no ipod. Enfim, cada segundo de minha vida atualmente tem como pano de fundo a trilha sonora do CD acústico (e remasterizado) “Steve McQueen” do Prefab Sprout: um luxo só!
Comecei a escutar essa banda nos anos oitenta; o som pop que promoviam era tão bom, tão bem produzido, tão inteligente e “estiloso”, que eu me sentia especial por gostar deles e saía à caça de pessoas com a mesma opinião. Na época, fiz uma contagem meio louca que no meu Estado só umas cinco pessoas conheciam e curtiam essa banda e que no Brasil inteiro apenas pouco mais de dezenas de admiradores existiam. (Eu me sentia o “fiel” número 2 porque ninguém jamais tomaria o primeiro posto do Mr. “Lau”, o oráculo.)
Pois bem, o primeiro disco que conheci do Prefab não foi o primeiro da discografia deles, mas o próprio “Steve McQueen”, com o nome de “Two Wheels Good” aqui no Brasil – e ainda em vinil.
Nele encontrei preciosidades do som pop, “sintetizadas” em dois elementos bem marcantes: o primeiro, a atuação de Paddy McAloon (voz, interpretação e letras); o segundo, a produção de Thomas Dolby. Esse cara, o Thomas, já era meu conhecido no inicio dos anos 80 como o filho de um arqueólogo inglês que virou produtor musical e seu trabalho solo mais marcante foi uma faixa que trocava nas rádios chamada “She Blinded Me with Science.
Quando resolveu produzir o Prefab, o mexido de Sir. Dolby ficou bem diferente e veio à tona uma sonoridade elegante, envolvente.
Ao ouvir as faixas do LP “Two Wheels Good”, eu senti uma sensação de som multicamadas, com relevos, e cheio de adereços bem apropriados; nuances e sutilezas que enriqueciam a audição. Por isso, era incrivelmente mais proveitoso ouvi-lo nos fones de ouvidos; experiência que fazia com que qualquer incrédulo da musica pop (quem acredita que pop é só lixo) passasse a ter completa esperança de que nesse mudo de poses e pretensões, poderíamos encontrar coisas dignas de, no mínimo, nossa veneração.
Além das “carrapetas mágicas” de Thomas, esse trabalho revelou para mim um letrista e compositor de alto nível, Paddy.
Ele criou em “Steve McQueen” (com letras fáceis, porém não óbvias) um trançado de pérolas com canções simpáticas e bem apropriadas para aqueles que preferem a audição de músicas com conteúdo adulto-contemporâneo. Temas que encontramos no cotidiano, ditos de uma maneira precisa, embalados por melodias extremamente contagiantes que fazem com que criemos links com a nossa própria realidade. Na época que ouvi pela primeira vez a força da poesia de McAloon, algumas frases soltas produziram ecos em minha cabeça após cada sessão auditiva – e não eram, naturalmente, as mesmas que hoje depois de anos, causam a mesma reação. (Agora, me pego repetindo na mente frases pinçadas dos escritos de McAloon como: “When love breaks down/The lies we tell, They only serve to fool ourselves”; “The things you do/To stop the truth from hurting you”; “All my life in a tower of foil/Shaded feelings, don’t believe you”; “Save your speeches, flowers are for funerals”.)
Como se não bastassem todas essas coisas me impressionando, ainda preciso mencionar a voz de Paddy – cara, se eu cantasse, adoraria cantar exatamente como ele. Maravilho. O timbre de voz bem próprio, as variações de tom, alguns gritos que acentuam o clímax nos arranjos… Só ouvindo para confirmar.
Dessa experiência que comecei em um vinil e agora repito em dose dupla com uma edição remasterizada e acústica, gostaria de compartir com você duas versões de uma mesma faixa: a canção “Bonny”. Foi difícil eleger uma, mas escolhi essa por critérios bem pessoais. Espero que você goste.

Depois de vários CDs geniais mas sem grandes repercussões nas paradas, eles continuam sendo uma banda extremamente cult. Recentemente Paddy gravou um cd solo totalmente conceitual e clássico (I Trawl the Megahertz). Por infelicidade, foi diagnosticado com uma doença que está fazendo com que ele perca aos poucos cada vez mais parte de sua visão. Mas segue enxergando o pop com uma clareza digna de uma mente brilhante, uma alma clara e uma vida discreta, pautada por atitudes nobres.

Play (“Bonny” original)

Play (“Bonny” acoustic)

7 respostas em “Steve McQueen/Prefab Sprout”

Assim eu fico até com vergonha de continuar escrevendo sobre música! Ótimo texto, excelente banda. A gente não tem que se importar com quem classifica música pop de lixo – isso é arrogância, esnobismo. Tem muita coisa boa nesse universo. E vc tem se saído um ótimo arqueólogo nesse sentido. Eu só vim ouvir falar nessa banda nos anos 90 – e você, ó, 10 anos na minha frente!!! Bjos

Meu caro Paulo, que bom saber que existem pessoas iguais a vc.Acredito que com o gosto refinado que vc tem o radialismo tenha perdido uma ótima oportunidade de sair da mesmice em que se encontra. Tenho 43 anos e até hoje nunca ouví nada igual!!! Perfeito teus comentários,só acrescentaria que sem a textura do backing vocal da wendy o prefab não seria o mesmo.Ha, o fã nº2 sou eu,heim!

Ola´sou italiano no Brazil e por a caso encontrei este blog….estou feliz saber que tbm aqui no Brazil tem fa´desta band e deste autor cantor MARAVILHOSO ! adoro a voz dele e tentei gravar uma cover que ate´coloquei no youtube http://www.youtube.com/watch?v=bPIGjRrDHTc que mais dizer? as minhas preferidas sao: Andromeda heights, swoon, cruel, let the stars go free….mas difizil pq sao todas todas especiais…… um abraço. Davide

Parabéns pelo gosto apurado e pela iniciativa de colocar a versão acústica de Bonny! Obrigado, Cassio.

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